Após prender Marcola, Ruy Ferraz criou força-tarefa para achar André do Rap e o colocou na lista de criminosos do PCC mais procurados
17/09/2025
(Foto: Reprodução) Marcola (à esquerda) foi preso antes dos anos 2000 pela equipe do então delegado Ruy Ferraz Fontes (ao centro), que coordenou em 2020 força-tarefa da polícia de SP para tentar prender André do Rap, também do PCC
Reprodução/Arquivo
Mais de 20 anos após participar da prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, Ruy Ferraz Fontes esteve à frente, com outras autoridades, da criação da força-tarefa para tentar localizar e prender André Oliveira Macedo, o André do Rap.
Os dois criminosos integram o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ruy foi executado a tiros por pessoas não identificadas na segunda-feira (15) em Praia Grande, no litoral paulista. Os assassinos fugiram. O ex-delegado tinha 64 anos, estava aposentado e atuava como Secretário da Administração do município de Praia Grande. O crime foi gravado por câmeras de segurança (veja vídeo ao final da reportagem).
Uma das hipóteses investigadas pelas autoridades é a de que o ex-delegado foi assassinado pelo PCC por seu histórico de combate à facção, que comandava o tráfico de drogas no estado e já ameaçou matá-lo. Outra é a de que o ex-policial possa ter sido emboscado e morto por desafetos em razão do seu trabalho como secretário em Praia Grande.
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Até o momento não há suspeitas de que Marcola, André do Rap ou outro integrante da facção possam estar envolvidos na morte de Ruy.
Porém, um dos dois suspeitos de envolvimento na morte do ex-delegado que foram identificados pela polícia já passou por uma ala de presídio controlada pelo PCC. A informação é do promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
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Sob a sua gestão como então delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy incluiu em 2020 a foto, o nome e os dados de André do Rap na lista de criminosos mais procurados da instituição. André do Rap também passou a figurar à época na lista de procurados da Interpol (espécie de polícia internacional) a pedido da Polícia Federal (PF).
"Nós temos um extenso histórico a respeito da vida dele [André do Rap]. Um ponto qualquer do país pode ser usado como esconderijo do criminoso. O nosso objetivo é encontrá-lo. Nós estamos dispensando uma atenção também extraordinária para encontrar e colocar de volta na cadeia esse indivíduo", falou Ruy à época para a TV Globo (veja no vídeo acima).
Mas, diferentemente de Marcola, que foi preso em 1999 numa das investigações de Ruy e sua equipe, quando estavam no Departamento de Investigações Criminais (Deic), André do Rap nunca mais foi encontrado. Até a última atualização desta reportagem, ele seguia foragido.
Na terça-feira (16) a página da Polícia Civil na internet que mostrava a lista de mais procurados em São Paulo não tinha mais nomes e fotos de criminosos. Procurada para comentar o assunto, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) alegou que "as informações estão em fase de implementação no novo site".
André do Rap entra na lista de mais procurados da polícia de SP em imagem de 2020 no site da instituição
Reprodução/Polícia Civil de SP
Ruy foi delegado-geral entre 2019 e 2022, quando comandou a Polícia Civil do estado na gestão do governador João Doria, à época no PSDB. Durante esse período, participou da coordenação conjunta do grupo montado para buscar pistas sobre o paradeiro de André do Rap.
Naquela ocasião, a força-tarefa contou com a participação de cerca de 600 agentes de segurança pública, entre policiais civis e militares. A Polícia Federal (PF) e polícias de outros estados, como Paraná e Santa Catarina, também colaboraram com as investigações.
O PCC surgiu em 1993 na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, conhecida como Piranhão, no interior paulista. Seis anos depois, Marcola, apontado como um dos chefes da facção, foi preso pela polícia por tráfico de drogas, assaltos, homicídios e formação de quadrilha.
Ele foi condenado a mais de 300 anos de prisão. Desde 2023, Marcola está detido na Penitenciária Federal de Brasília.
Imagens mostram os últimos momentos de André do Rap na cadeia
Considerado um dos chefes do PCC e condenado à prisão por tráfico internacional de drogas, André do Rap está foragido desde 10 de outubro de 2020, quando saiu da prisão com um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal.
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Marco Aurélio, atualmente aposentado, concedeu liberdade provisória a André do Rap após atender ao pedido da defesa do traficante. Ela alegava que seu cliente estava preso desde setembro de 2019 sem uma sentença condenatória definitiva. O traficante havia sido detido pela polícia de São Paulo no Rio de Janeiro por suspeita de enviar cocaína da quadrilha para a Europa.
Mas horas depois, naquele mesmo dia 10 de outubro de 2020, o ministro Luiz Fux, então presidente da Corte, revogou a decisão liminar do colega e determinou que André do Rap fosse preso novamente. O magistrado entendeu que não era possível soltar um criminoso de alta periculosidade que já havia fugido antes.
Com a decisão de Marco Aurélio, no entanto, o traficante já havia deixado a Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista, pela porta da frente (veja, no vídeo abaixo os últimos momentos dele na prisão).
André do Rap não foi localizado pela polícia nos endereços que forneceu à Justiça para ser solto. E em vez de voltar à cadeia, após a derrubada do habeas corpus, ele fugiu.
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