Júri de homem acusado de feminicídio e simular suicídio em Santos é adiado para 2026
29/10/2025
(Foto: Reprodução) Homem que matou esposa e forjou o suicídio teve julgamento adiado
Reprodução e Reprodução/Redes Sociais
O júri de Emílio Carlos Alves Ramos, acusado de matar a esposa e forjar o suicídio em Santos, no litoral de São Paulo, foi adiado por motivo de saúde de uma testemunha. O julgamento, que estava marcado para esta quarta-feira (29), foi remarcado para o dia 11 de março de 2026, às 9h, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
O crime ocorreu em abril de 2022. Camila Indame Ramos, de 39 anos, foi encontrada morta no apartamento do casal, na Vila Mathias, em Santos. À época, Emílio Carlos Alves Ramos acionou a polícia alegando ter encontrado o corpo e afirmou que a esposa enfrentava um quadro depressivo.
Inicialmente, o caso foi tratado como suicídio. No entanto, após investigação, a Polícia Civil concluiu que se tratava de homicídio, com indícios de tentativa de ocultação do crime. A denúncia inclui três qualificadoras: feminicídio, asfixia e violência doméstica, além de fraude processual.
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2º adiamento
A sessão estava originalmente marcada para 17 de setembro, mas foi adiada pela primeira vez porque uma testemunha não poderia comparecer. A nova data, 29 de outubro, também foi alterada por motivo de saúde da mesma testemunha (arrolada pela defesa) que está sem voz, impossibilitando inclusive o depoimento por videoconferência. O Ministério Público não se opôs ao adiamento.
Emílio foi preso em junho de 2023. Ele chegou a ser solto pela Justiça em 3 de maio de 2024, mas voltou à prisão cerca de uma semana depois, após o Ministério Público alegar periculosidade e pedir nova detenção.
Durante o processo, Emílio negou ter cometido o crime e afirmou que Camila havia tentado contra a própria vida no dia anterior. Ao g1, o advogado Eugênio Malavasi, que representa o réu, disse que a defesa buscará a absolvição.
Homem acusado de matar esposa e forjar suicídio foi solto e voltou à prisão
Sobre o caso
Segundo o boletim de ocorrência, Camila foi encontrada na sala do apartamento com um pano enrolado no pescoço. A morte foi constatada pelo Samu, acionado ao imóvel onde ela morava com o marido, de 40 anos, na Avenida Ana Costa, Vila Mathias, em Santos.
Emílio relatou à polícia que saiu para trabalhar e trocou mensagens com a esposa, mas, por conta da rotina, não conseguiu acompanhar o celular. Ao fim do expediente, notou que ela não havia respondido.
Camila Indame Ramos, de 39 anos, foi dada como morta por suicídio em abril do ano passado em Santos, SP
Reprodução/Redes Sociais
Ao chegar em casa, encontrou o corpo caído de bruços com o pano no pescoço. O homem disse que tentou retirá-lo e realizou manobras cardíacas, sem sucesso. Ele informou ainda que a mulher enfrentava depressão e fazia uso de zolpidem.
Morte forjada
À época, o delegado Marcelo Gonçalves, do 2º DP de Santos, afirmou que os laudos indicaram marcas no corpo da vítima causadas em três datas: 6, 15 e 16 de abril de 2022. A última, de quando ela foi encontrada morta. Segundo ele, a versão do marido não se sustentava.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a vítima estava sob efeito de álcool e zolpidem, medicamento que induz o sono. Gonçalves relatou que, durante o interrogatório, o homem admitiu que a esposa ficava “grogue” sob o efeito da substância.
O delegado questionou como alguém nessa condição teria força para causar tantas lesões e ainda cometer suicídio, mas não obteve resposta.
Crime ocorreu em abril do ano passado no prédio onde o casal morava na Avenida Ana Costa, no bairro Vila Matias, em Santos, SP
Brenda Bento/g1
O perito responsável pela ocorrência também não encontrou nenhum objeto compatível com as lesões. "No nosso entendimento, o pano não foi utilizado, foi usado outro instrumento para o estrangulamento", disse o delegado na ocasião.
A delegada titular do 2° DP, Déborah Lázaro, enfatizou ao g1 que a investigação foi longa e trata-se de um caso diferenciado. Segundo ela, a situação foi tratada como um suicídio e, depois, descobriu-se um feminicídio através de confronto de depoimentos e declarações.
Os próprios laudos, de acordo com ela, foram analisados com mais rigor e descobriu-se discrepâncias nas lesões suportadas pela vítima.
"[Ela] sofria de depressão e tomava medicamentos controlados. Falou-se também das quedas que ela sofria dentro de casa só que o inquérito policial teve um novo olhar, uma investigação mais apurada. [...] representamos pela prisão temporária [do marido] que foi cumprida", disse a delegada.
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