Mulher baleada durante execução de ex-delegado relata ataque: 'traumatizante'
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Tia e sobrinho são baleados durante ataque a ex-delegado-geral de SP
Samantha Gonçalves Carvalho, uma das vítimas atingidas durante o atentado ao ex-delegado Ruy Ferraz Fontes pensou que o som dos mais de 20 disparos de fuzis feitos durante a execução fossem fogos de artifício. Ela foi atingida por dois tiros: “Foi traumatizante”, disse em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da Globo.
Ruy Ferraz foi morto na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, por volta das 18h de segunda-feira (15), no bairro Nova Mirim. Ele era perseguido por criminosos que estavam em uma caminhonete e armados com fuzis. Ele colidiu com um ônibus, tentando fugir, capotou o veículo e foi morto a tiros.
Imagens de monitoramento flagraram o momento em que os autores do crime desembarcaram do carro e fizeram mais de 20 disparos contra a vítima.
Samantha Gonçalves Carvalho foi baleada durante assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Leandro Guedes/TV Tribuna, Reprodução/TV Globo e Reprodução
A Prefeitura de Praia Grande informou que um homem e uma mulher que caminhavam pelo local também foram baleados e atendidos pelas equipes do Samu, encaminhados inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Quietude e depois foram levados para o Hospital Municipal Irmã Dulce, também na cidade.
Os carros usados pelos criminosos, roubados na capital paulista, foram encontrados. Dois suspeitos já foram identificados, mas ninguém havia sido preso até a última atualização desta reportagem.
Samantha Gonçalves Carvalho foi baleada durante assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Leandro Guedes/TV Tribuna
Relato da vítima
Dois tiros atingiram Samantha, efetuados de uma pistola, e outro atingiu o seu sobrinho, que fraturou o osso da perna e ficou internado. “Nós pensamos que era fogos. Daqui a pouco os caras já vem atirando aqui com tudo, com fuzil mesmo”, disse ela.
“Todo mundo correu. Meu irmão viu [o sangue], minhas irmãs. Minha mãe logo desmaiou. Meu irmão pegou o carro e já ‘botou’ nós dentro e levou na hora [para UPA].Se não fosse meu irmão nem sei o que seria”, conta.
Samantha Gonçalves Carvalho foi baleada durante assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
Leandro Guedes/TV Tribuna
Ao ser levada para a UPA, ela contou que uma equipe da Polícia Civil pensou que eles estavam envolvidos na ação criminosa, pois o veículo do irmão dela também era preto. Ela disse que ele ficou detido na delegacia, e foi liberado durante a madrugada.
Samantha recebeu atendimento médico na unidade de saúde e foi liberada. Ela revelou, no entanto, que o crime gerou uma sensação de insegurança na família, que mora próximo ao local do ocorrido. “Eu fico com medo mesmo. Fico olhando para ali [de onde eles vieram]. E ainda desceram do carro para matar ele”, conta.
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Arte/g1
Quem era Ruy?
Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o PCC. Comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes teve passagens por delegacias especializadas como o DHPP, o Denarc e o Deic.
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Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa.
Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo.
Entre 2019 e 2022, comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias.
Ruy Fontes participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá, e também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal.
Ele estava aposentado da Polícia Civil. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até agora, quando foi assassinado.
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Prefeitura de Praia Grande e Reprodução
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